Brasil continuará abrigando Zelaya em embaixada

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta segunda (28) que apesar das ameaças feitas pelo governo golpista de Honduras o Brasil continuará dando abrigo ao presidente deposto, Manuel Zelaya.

- O Brasil, por uma situação que ele não criou, praticamente virou guardião do presidente legítimo de um país. Consideramos que temos que continuar a dar proteção a um presidente democrático independentemente de quais sejam as suas tendências políticas - disse Amorim.

Segundo o ministro, seria muito mais fácil para o governo retirar da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa os dois diplomatas e o auxiliar de chancelaria brasileiros que estão lá acompanhando as negociações. Mas isso seria "um ato de covardia, um gesto de desrespeito à própria democracia e um incentivo a outros golpes de Estado no continente".

Amorim conversou hoje com o secretário-geral da ONU, o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) e com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, sobre o ultimato feito pelo governo golpista de Honduras ao status diplomático da missão brasileira no país e sobre a recusa da entrada de missão da OEA em Tegucigualpa. Mas garantiu que a comunidade internacional ainda aposta em uma negociação com o governo de Roberto Micheletti:

- É um ultimato ilegítimo de pessoas que estão no poder de forma ilegítima. A despeito de toda a ilegitimidade, queremos que haja uma solução negociada.

Diante dos últimos acontecimentos, Amorim acredita que é necessário um maior envolvimento das Nações Unidas na crise política de Honduras. Mas ele disse que não se trata de passar por cima da OEA:

- Não é para diminuir a atuação da OEA como interlocutor político, pelo contrário, mas a verdade é que não receber uma missão da OEA foi uma verdadeira bofetada na comunidade internacional, revelando uma percepção certamente errada por parte daqueles que estão ocupando o poder.

Amorim avalia que há quase um "estado de surdez" das autoridades de fato em relação ao que tem dito a comunidade internacional:

- Há uma total falta de receptividade. Não receber uma missão precursora da OEA é um total negativa ao diálogo e a uma solução pacífica.

Quanto ao ultimato feito ao governo brasileiro, Amorim definiu como "total descaso" pelo direito internacional, uma vez que a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas estabelece que mesmo em caso de ruptura de relações diplomáticas - o que não ocorreu - e mesmo em caso de guerra, a inviolabilidade da missão diplomática tem que ser mantida.

De acordo com o chanceler, hoje, mais uma vez, o governo brasileiro voltou a alertar o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, sobre a importãncia de evitar pronunciamentos que posam servir de pretexto para uma ação contrária do governo de fato

Xerox : :r7.com

Militares invadem rádio e TV que apoiam Zelaya em Honduras

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Comandos militares invadiram nesta segunda (28) a sede de uma rádio e interromperam o sinal de uma de TV que fazem oposição ao governo golpista de Honduras, liderado por Roberto Micheletti . O porta-voz Rene Zapeda disse que as emissoras foram tiradas do ar sob um decreto anunciado no domingo (27) que restringe a liberdade de expressão, de circulação e de reunião no país e autoriza o fechamento de meios de comunicação que "atacam a paz e a ordem pública".

Quase 20 policiais e militares entraram na sede da rádio Globo de Tegucigalpa por volta das 5h30 [8h30 no Brasil] e tiraram seu sinal do ar. O jornalista Carlos Paz, que trabalha na emissora, disse que não houve resistência. O canal de televisão 36, que também mantinha uma linha de oposição, estava cercado por militares e com o sinal cortado, mas não foi confirmado até o momento se as instalações foram tomadas. A rádio Globo já havia sido fechada pelo regime nos primeiros dias após o golpe de Estado que derrubou o presidenteManuel Zelaya, em 28 de junho.

O jornalista disse que, depois de entrar no local, os policiais começaram a retirar material e equipamentos do edifício da emissora, que fica na avenida Morazán, centro da capital.

O governo golpista ameaçou no domingo retirar o status diplomático da embaixada brasileira em Honduras, caso o Brasil não defina, em 10 dias, a situação do presidente deposto, Manuel Zelaya, que está abrigado na sede diplomática em Tegucigalpa. À noite, divulgou um decreto que prevê o fechamento de meios de comunicação e a prisão de indivíduos que incitem à rebelião, além de proibir reuniões públicas não autorizadas.

Em cadeia nacional de TV, o governo de Micheletti informou que decidiu "interditar qualquer reunião pública não autorizada e impedir a transmissão, por qualquer veículo, de programas que ameacem a paz". A ameaça ao Brasil também foi direta:

- Se em 10 dias não definirem o status de Manuel Zelaya, a sede perderá sua condição de diplomática, mas, por cortesia, não planejamos invadir o local - disse o ministro das Relações Exteriores do governo de fato, Carlos López Conteras.

O chanceler destacou que foi o Brasil que rompeu relações com o atual governo hondurenho:

- Nós, simplesmente, estamos adotando uma medida de reciprocidade - disse ele.

Golpista acusa Brasil de intervenção

López disse que se o Brasil não definir o status de Zelaya, Honduras poderá declarar, "por presunção", sua condição de exilado político, após o qual o presidente deposto poderá ficar no prédio da embaixada.

Na condição oficial de exilado, Zelaya ficaria impedido de exercer qualquer atividade política na embaixada brasileira. O chanceler do regime de fato disse que a proteção dada pelo Brasil a Zelaya é "uma intervenção" nos assuntos internos de Honduras.
Zelaya, deposto e expulso de Honduras por um golpe de Estado, em junho, está na embaixada brasileira desde a segunda passada, após voltar secretamente ao país.O governo de Roberto Micheletti acusa Zelaya de usar a embaixada brasileira para "gerar violência" no país.

O governo Micheletti, que não é reconhecido pela comunidade internacional, já havia emitido na noite de sábado (26) um comunicado exigindo do Brasil a definição do status de Zelaya, no prazo de dez dias, após o qual adotaria medidas adicionais baseadas "na legislação internacional". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou qualquer "ultimato dos golpistas" sobre a presença de Zelaya na embaixada brasileira.

Fonte : Do R7, com agências internacionais

Traição do inconsciente

O pessoal do PSDB deve estar lendo muito as orientações recebidas dos patrões.

Dai o lapso de memoria.

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Dilma enfrentou o regime militar e Serra fugiu

professor Emir Sader

Em que mãos você gostaria que estivesse o Brasil? Qual o verdadeiro diploma que cada um tem e que conta para construir um país justo, soberano e humanista?

Nas horas mais difíceis se revela a personalidade - as forças e as fraquezas - de cada um. Os franceses puderam fazer esse teste quando foram invadidos e tinham que se decidir entre compactuar com o governo capitulacionsista de Vichy ou participar da resistência. Os italianos podiam optar entre participar da resistência clandestina ou aderir ao regime fascista. Os alemães perguntam a seus pais onde estavam no momento do nazismo.

No Brasil também, na hora negra da ditadura militar, formos todos testados na nossa firmeza na decisão de lutar contra a ditadura, entre aderir ao regime surgido do golpe, tentar ficar alheios a todas as brutalidades que sucediam ou somar-se à resistência. Poderíamos olhar para trás, para saber onde estava cada um naquele período.

Dois personagens que aparecem como pré-candidatos à presidência são casos opostos de comportamento e daí podemos julgar seu caráter, exatamente no momento mais difícil, quando não era possível esconder seus comportamentos, sua personalidade, sua coragem para enfrentar dificuldades, seus valores.

José Serra era dirigente estudantil, tinha sido presidente do Grêmio Politécnico, da Escola de Engenharia da USP. Já com aquela ânsia de poder que seguiu caracterizando-o por toda a vida, brigou duramente até conseguir ser presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo e, com os mesmos meios de não se deter diante de nada, chegou a ser presidente da UNE.

Com esse cargo participou do comício da Central do Brasil, em março de 1964, poucas semanas antes do golpe. Nesse evento, foi mais radical do que todos os que discursaram, não apenas de Jango, mas de Miguel Arraes e mesmo de Leonel Brizola.

No dia do golpe, poucos dias depois, da mesma forma que as outras organizações de massa, a UNE, por seu presidente, decretou greve geral. Esperava-se que iria comandar o processo de resistência estudantil, a partir do cargo pelo qual havia lutado tanto e para o qual havia sido eleito.

No entanto, Serra saiu do Brasil no primeiro grupo de pessoas que abandonou o país. Deixou abandonada a UNE, abandonou a luta de resistência dos estudantes contra a ditadura, abandonou o cargo para o qual tinha sido eleito pelos estudantes. Essa a atitude de Serra diante da primeira adversidade.

Por isso sua biografia só menciona que foi presidente da UNE, mas nunca diz que não concluiu o mandato, abandonou a UNE e os estudantes brasileiros. Nunca se pronunciou sobre esse episódio vergonhoso da sua vida.

Os estudantes brasileiros foram em frente, rapidamente se reorganizaram e protagonizaram, a parir de 1965, o primeiro grande ciclo de mobilizações populares de resistência à ditadura, enquanto Serra vivia no exílio, longe da luta dos estudantes. Ficou claro o caráter de Serra, que só voltou ao Brasil quando já havia condições de trabalho legal da oposição, sem maiores riscos.

Outra personalidade que aparece como pré-candidata à presidência também teve que reagir diante das circunstâncias do golpe militar e da ditadura. Dilma Rousseff, estudante mineira, fez outra escolha. Optou por ficar no Brasil e participar ativamente da resistência à ditadura, primeiro das mobilizações estudantis, depois das organizações clandestinas, que buscavam criar as condições para uma luta armada contra a ditadura militar.
No episódio da comissão do Senado em que ela foi questionada por ter assumido que tinha dito mentido durante a ditadura - por um senador da direita, aliado dos tucanos de Serra -, Dilma mostrou todo o seu caráter, o mesmo com que tinha atuado na clandestinidade e resistido duramente às torturas. Disse que mentiu diante das torturas que sofreu, disse que o senador não tem idéia como é duro sofrer as torturas e mentir para salvar aos companheiros. Que se orgulha de ter se comportado dessa maneira, que na ditadura não há verdade, só mentira. Que ela o senador da base tucano-demo estavam em lados opostos: ela do lado da resistência democrática, ele do lado da ditadura, do regime de terror, que seqüestrada, desaparecia, fuzilava, torturava.

Dilma lutou na clandestinidade contra a ditadura, nessa luta foi presa, torturada , condenada, ficando detida quatro anos. Saiu para retomar a luta nas novas condições que a resistência à ditadura colocava. Entrou para o PDT de Brizola, mais tarde ingressou no PT, onde participou como secretária do governo do Rio Grande do Sul. Posteriormente foi Ministra de Minas e Energia e Ministra-chefe da Casa Civil.

Essa trajetória, em particular aquela nas condições mais difíceis, é o grande diploma de Dilma: a dignidade, a firmeza, a coerência, para realizar os ideais que assume como seus. Quem pode revelar sua trajetória com transparência e quem tem que esconder momentos fundamentais da sua vida, porque vividos nas circunstâncias mais difíceis?

“A queda da desigualdade é impressionante”. O retrato do Brasil na PNAD é um sucesso

"O que importa mais é a desigualdade entre as famílias … É uma sequência de queda impressionante. Nunca tivemos nesse país quedas tão intensas e por tanto tempo. Desde 2001 (*), a desigualdade vem caindo no Brasil. A RENDA DOS MAIS POBRES CRESCE SETE VEZES MAIS RÁPIDO DO QUE A RENDA DOS MAIS RICOS. (Ênfase minha - PHA.) Todos estão ganhando. É o crescimento com equidade."

Essa frase consta de uma entrevista que Ricardo Paes e Barros concedeu ao Globo neste sábado e que o Globo escondeu devidamente, no sótão da pág. 28

Ricardo Paes e Barros é do IPEA e reconhecidamente um dos mais importantes estudiosos da questão da pobreza e da desigualdade, como o próprio Globo reconhece.

Clique aqui para ler mais sobre o belo retrato do Brasil, que saiu na PNAD

Lamentavelmente, a urubóloga Miriam Leitão se transformou em crítica teatral ao voltar das férias.

E ignorou a PNAD.

Hoje, no Globo, ela trata de Fernando Montenegro e de Simone de Beauvoir.

Melhor assim …

Paulo Henrique Amorim

Lula propõe uma “Consolidação das Leis Sociais”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende mandar ao Congresso ainda este ano um projeto de lei para consolidar as políticas sociais de seu governo. A ideia é amarrar no texto da lei uma "Consolidação das Leis Sociais", a exemplo do que, na década de 50, Getúlio Vargas fez com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Diz que, para este projeto, não vai pedir urgência. "É bom mesmo que seja discutido no ano eleitoral".

Faz parte dos planos do presidente também para este ano encaminhar ao Congresso um projeto de inclusão digital. "Será para integrar o país todinho com fibras óticas", adiantou.

Na primeira entrevista concedida após a grande crise global, Lula criticou as empresas que, por medo ou incertezas, se precipitaram tomando medidas desnecessárias e defendeu a ação do Estado. "Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais brasileiros pisaram no breque de forma desnecessária".

Ele explicou porque está insatisfeito especialmente com a Vale do Rio Doce, a quem tem pressionado a agregar valor à extração de minério, construir usinas siderúrgicas e fazer suas encomendas dentro do país, em vez de recorrer à importação, como tem feito. "A Vale não pode ficar se dando ao luxo de ficar exportando apenas minério de ferro", diz ele. Hoje, disse, os chineses já produzem 535 milhões de toneladas de aço por ano, enquanto o Brasil, o maior produtor de minério do mundo, produz apenas 35 milhões de toneladas. "Isso não faz nenhum sentido."

O presidente defendeu a expansão de gastos promovida por seu governo, alegando que o Estado forte ajudou o país a enfrentar a recente crise econômica. "A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população."

Rechaçou a eventualidade do "risco Serra", aludido por algumas autoridades de seu governo face às veementes críticas do governador de São Paulo, José Serra (PSDB) à política monetária. "É uma cretinice política. É tão sério governar um país da magnitude do Brasil que ninguém que entre aqui vai se meter a fazer bobagem, vai ser bobo de mexer na estabilidade econômica e permitir que a inflação volte".

A falta de carisma da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata à sua sucessão em 2010 não é , para ele, um obstáculo eleitoral. "Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido eleito e Serra não seria nem candidato. Jânio Quadros tinha carisma e ficou só seis meses". O principal ativo de Dilma, na opinião de Lula, é a "capacidade gerencial" da ministra. "E mulher tem que ser dura mesmo, para se impor entre os homens."

Lula contou que já desaconselhou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a se candidatar ao governo de Goiás. "Eu já disse pro Meirelles. Eu sinceramente acho que o Meirelles não devia pensar em ser candidato a governador, coisa nenhuma. Mas esse negócio tem um comichão…"

O risco de os esqueletos deixados por planos de estabilização de governos passados se transformarem em pesado fardo para o Tesouro Nacional preocupa o presidente. Segundo ele, se o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar as ações contra bancos baseadas em supostos prejuízos causados por planos econômicos, uma conta que supera os R$ 100 bilhões, os bancos vão acionar judicialmente a União para bancar que ela banque essa despesa.

Na entrevista ao Valor, concedida na manhã de ontem em seu gabinete no Centro Cultural do Banco do Brasil, o presidente falou por uma hora e meia. Fumou cigarrilha na última meia hora da entrevista e não se recusou a falar de seu futuro político quando deixar a Presidência. "Gostaria de usar o que aprendi na Presidência para ajudar tanto a América Latina quanto a África a implementar políticas sociais, mas primeiro preciso saber se eles querem, porque de palpiteiro todo mundo está cansado". Sobre uma nova candidatura em 2014, o presidente foi direto: "Se Dilma for eleita, ela tem todo direito de chegar em 2014 e falar 'eu quero a reeleição'. Se isso não acontecer, obviamente a história política pode ter outro rumo".

Valor: Passado um ano da grande crise global, a economia brasileira começa a se recuperar. Além do pré-sal, qual a agenda do governo para o pós crise?

Luiz Inácio Lula da Silva: Ainda este ano vou apresentar uma proposta sobre inclusão digital. E, também, uma proposta consolidando todas as políticas sociais do governo.

Valor: Inclusive, o Bolsa Família, o salário mínimo?

Lula: Todas. Vai ter uma lei que vai legalizar tudo, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Será uma consolidação das políticas públicas para sustentar os avanços conquistados. Tudo o que foi feito, até as conferências nacionais, porque nós só temos legalizada a da saúde.

Valor: Mas o governo ainda não conseguiu sequer aprovar a política de valorização do salário mínimo?

Lula: A culpa não é minha. Mandei (para o Congresso) já faz um ano e meio. Sou de um tempo de dirigente sindical que, quando a gente falava de salário mínimo, as pessoas já falavam logo de inflação. Nós demos, desde que cheguei aqui, 67% de aumento real para o salário mínimo e ninguém mais fala de inflação. O projeto que nós mandamos é uma coisa bonita. É a reposição da inflação mais o aumento do PIB de dois anos atrás. Quero consolidar isso porque acho que o Brasil tem que mudar de patamar.

Valor: O senhor vai pedir urgência?

Lula: Não. É ótimo que dê debate no ano eleitoral. Quando eu voltar de viagem, vou ter uma reunião com todos os ministros da área social e vamos começar a trabalhar nisso.

Valor: E a inclusão digital?

Lula: Esta eu quero mandar também este ano. Será para integrar o país com fibras óticas. O Brasil precisa disso. Eu dei 45 dias de prazo, ontem, para que me apresentem o projeto de integração de todo o sistema ótico do Brasil.

Valor: O que mais será feito?

Lula: Uma proposta de um novo PAC para 2011-2015, que anunciarei em janeiro ou fevereiro. Porque precisamos colocar, no Orçamento de 2011, dinheiro para a Copa do Mundo, sobretudo na questão de mobilização urbana. E, se a gente ganhar a sede das Olimpíadas, já tem que ter uma coisa mais poderosa nisso.

Valor: Só para a parte que lhe cabe no pré-sal, o BNDES diz que vai precisar de uma capitalização de R$ 100 bilhões do Tesouro Nacional. O senhor já autorizou a operação?

Lula: Acabamos de dar R$ 100 bilhões ao BNDES e nem utilizamos ainda todo esse dinheiro. Para nós, o pré-sal começa ontem. Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, pedi aos empresários que constituíssem um grupo de trabalho para que possamos ter dimensão do que vamos precisar nos próximos 15 anos entre infraestrutura, equipamentos para construção de sondas, plataformas, toda a cadeia. Não podemos deixar tudo para a última hora e isso vai exigir muito dinheiro. Esse problema do BNDES ainda não chegou aqui, mas posso garantir que não faltará dinheiro para o pré-sal.

Valor: O governo pensa numa política industrial para o pré-sal, voltada para as grandes empresas nacionais. Fala-se em ter empresas "campeãs nacionais". Isso vai renovar o parque industrial e as lideranças empresariais do país?

Lula: Certamente aumentará muito o setor empresarial brasileiro. Precisamos aproveitar o pré-sal e criar, também, um grande polo petroquímico. Não podemos ficar no sexto, sétimo lugar nesse setor. Pedi para o Luciano Coutinho (presidente do BNDES) coordenar um grupo de trabalho para que a gente possa anunciar em breve um plano de fomento à indústria petroquímica no Brasil. E pedi para os empresários brasileiros se prepararem para coisas maiores. Vamos precisar de mais estaleiros, diques secos, e isso tem que começar agora para estar pronto em três a quatro anos. Sobretudo, temos que convencer os empresários estrangeiros a investir no Brasil, construindo parcerias.

Valor: É por essa razão que o senhor está irritado com a Vale?

Lula: Não estou irritado com a Vale. Tenho cobrado sistematicamente da Vale a construção de usinas siderúrgicas no país. Todo mundo sabe o que a Vale representa para o Brasil. É uma empresa excepcional, mas não pode se dar ao luxo de exportar apenas minério de ferro. Os chineses já estão produzindo 535 milhões de toneladas de aço e nós continuamos com 35 milhões de toneladas. Daqui a pouco vamos ter que importar aço da China. Isso não faz nenhum sentido. Quando a gente vende minério de ferro, custa um tiquinho.

Valor: E não paga imposto porque o produto não é industrializado…

Lula: Não paga imposto. Tudo isso eu tenho discutido muito com a Vale porque eu a respeito. Quando ela contrata navios de 400 mil toneladas na China, é de se perguntar: ´e o esforço imenso que estou fazendo para recuperar a indústria naval brasileira?´

Valor: Mas a Vale não é uma empresa privada?

Lula: Pode ser privada ou pública. O interesse do país está em primeiro lugar. As empresas privadas têm tantas obrigações com o país como eu tenho. Não é porque sou presidente que só eu tenho responsabilidade. Se quisermos construir uma indústria competitiva no mundo, vamos ter que fortalecer o país.

Valor: Os custos não são importantes?

Lula: Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu! Estou fazendo uma discussão com a Vale, já fiz com outras empresas, porque quando queremos importar aço da China, os empresários brasileiros não querem. Mas quando eles aumentam seus preços, eu sou obrigado a reduzir a alíquota (de importação) para poder equilibrar. Eu sei a importância das empresas brasileiras, ninguém mais do que eu brigou neste país para elas virarem multinacionais. Porque, cada vez que uma empresa se torna uma multinacional, ela é uma bandeira do país fincada em outro país.

Valor: As empresas não importam porque lá fora é mais barato e tecnologicamente mais avançado?

Lula: Não sei se tecnologicamente é mais avançado. Pode ser mais barato. Quando começamos a discutir com a Petrobras a construção de plataformas, ela falava ´nós economizamos não sei quantos milhões´. Eu falava ´tudo bem, e os desempregados brasileiros? E o avanço tecnológico do país? E a possibilidade de fazemos plataformas aqui e exportar?´ Em vez de apenas importar, vamos convencer as empresas de fora que nós temos demanda e que elas venham construir no Brasil. Não estamos pedindo favor. Talvez o Brasil seja, daqui para a frente, o país a consumir mais implementos para a construção de sondas e plataformas.

Valor: O governo pensa em reduzir os custos de produção no Brasil?

Lula: Temos, no momento, uma crise econômica em que o custo financeiro subiu no mundo inteiro. Desde que entrei, e considerando a extinção da CPMF, foram mais de R$ 100 bilhões em desonerações. Eu já mandei duas reformas tributárias ao Congresso. As duas tiveram a concordância dos 27 governadores e dos empresários. Mas as propostas chegam no Senado e, como diria o Jânio Quadros, tem o ´inimigo oculto´ que não deixa que sejam aprovadas.

Valor: Como o senhor vê o papel do Estado pós crise?

Lula: O Estado não pode ser o gerenciador, o administrador. O Estado tem que ter apenas o papel de indutor e fiscalizador. Então, (o Estado) leva uma refinaria para o Ceará, um estaleiro para Pernambuco. Se dependesse da Petrobras, ela não gostaria de fazer refinarias.

Valor: Por que há ociosidade?

Lula: Na lógica da Petrobras, as suas refinarias já atendem a demanda. Há 20 anos a empresa não fazia uma nova refinaria. Agora, o que significa uma nova refinaria num Estado? A primeira coisa que vai ter é um polo petroquímico para aquela região. Este é o papel do governo. O governo não pode se omitir. A fragilidade dos governantes, hoje, é que eles acreditaram nos últimos dez anos que os mercados resolviam os problemas. E agora, quando chegou a crise, todos perceberam que, se os Estados não fizessem o que fizeram, a crise seria mais profunda. Se o Bush (George, ex-presidente dos Estados Unidos) tivesse a dimensão da crise e tivesse colocado US$ 60 bilhões no Lehman Brothers antes de ele quebrar, possivelmente não teríamos a crise de crédito que tivemos. Então, a Vale entra nessa minha lógica.

Valor: Depois da conversa com o senhor, a Vale vai construir as siderúrgicas?

Lula: Ela precisa agregar valor às suas exportações. Se ela exportar uma tonelada de bauxita, vai receber entre US$ 30 e US$ 50. Se for um tonelada de alumínio pronto, vai vender por US$ 3 mil. Além disso, vai gerar emprego aqui, vai ter que construir hidrelétrica para ter energia. Não pode ter só o interesse imediato pelo lucro porque a matéria prima um dia acaba e, antes de acabar, temos que ganhar dinheiro com isso. A Vale entende isso.

Valor: Então ela se comprometeu?

Lula: Basta ver a propaganda dela nos jornais. Faz três anos que venho conversando com a Vale. O Estado do Pará reclama o tempo inteiro, Minas Gerais e o Espírito Santo também. A siderúrgica do Ceará não foi proposta por mim. Foi proposta em 1992. Há condições de fazer? Há. Há mercado? Há. Temos tecnologia? Temos. Então, vamos fazer.

Valor: Entre reduzir a carga tributária, desonerando a folha de pagamentos das empresas, e aumentar o salário do funcionalismo, o senhor ficou com a segunda opção. Por quê?

Lula: Primeiro porque a desoneração é baseada no nervosismo econômico, no aperto de determinado segmento. O Estado tem que ter força. No Brasil, durante os anos 80, se criou a ideia de Estado mínimo. O Estado mínimo não vale para nada. O Estado tem que ter força para fazer as políticas que fizemos agora, na crise, com a compreensão do Congresso. Não pense que foi fácil tomar a decisão de fazer o Banco do Brasil (BB) comprar a Nossa Caixa em São Paulo.

Valor: Por quê?

Lula: As pessoas diziam: ´Ah, o presidente vai dar dinheiro ao Serra e o Serra é candidato´. Mas não dei dinheiro para o Serra. Comprei um banco que tinha caixa e para permitir que o BB tivesse mais capacidade de alavancar o crédito. Quando fui comprar (via BB) 50% do Banco Votorantim, tive que me lixar para a especulação. Nós precisávamos financiar o mercado de carro usado e o Banco do Brasil não tinha ´expertise´. Então, compramos 50% do Votorantim, que tem uma carteira de carro usado de R$ 90 bilhões. Vocês têm dimensão do que foi ter uma Caixa Econômica Federal, um BNDES ou um BB na crise? Foi extremamente importante. A Petrobras apresentou estudo mostrando que deveria adiar o cronograma dos investimentos dela de 2013 para 2017.

Valor: Durante a crise?

Lula: É. Convoquei o Conselho da Petrobras para dizer: ´Olha, este é um momento em que não se pode recuar´. Até no futebol a gente aprende que, quando se está ganhando de 1 x 0 e recua, a gente se ferra.

Valor: E funcionou?

Lula: Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais brasileiros pisaram no breque de forma desnecessária. Aquele famoso cavalo de pau que o (Antonio) Palocci (ex-ministro da Fazenda) dizia que a gente não podia dar na economia, alguns setores empresariais deram por puro medo, incerteza. Essas coisas nós conversamos muito com os empresários, no comitê acompanhamento da crise. Agora não vai ter mais comitê de crise, mas sim de produção, investimento e inovação tecnológica. Estou otimista porque este é o momento do Brasil.

Valor: Por exemplo?

Lula: As pessoas estão compreendendo que fazer com que o pobre seja menos pobre é bom para a economia. Ele vira consumidor. Eles vão para o shopping e compram coisas que até pouco tempo só a classe média tinha acesso. Os empresários brasileiros precisam se modernizar.

Valor: A política de valorização do funcionalismo dificilmente poderá ser mantida por seu sucessor e nenhum dos candidatos tem ascendência sobre o movimento sindical que o senhor tem. Não é uma bomba relógio que o senhor deixa armada para o próximo governo?

Lula: Vocês acham que o Estado brasileiro paga bem?

Valor: O senhor acha que ainda ganha mal?

Lula: Você tem que medir o valor de determinadas funções no mercado e dentro do governo. Sempre achei que o pessoal da Petrobras ganhava muito. O Rodolfo Landim, quando era presidente da BR, há uns quatro anos, ganhava R$ 26 mil. Ele entrou na minha sala e disse: ´Presidente, tive convite de um empresário, estou de coração partido, mas não posso perder a oportunidade da minha vida´. Então, ele deixa de ganhar R$ 26 mil por mês e vai ganhar R$ 200 mil com dois anos de pagamento adiantado. Quanto vale um bom funcionário da Receita Federal, do Banco Central, no mercado? O que garante as pessoas ficarem no Estado é a estabilidade, não o salário.

Valor: Mas essa política de valorização salarial do funcionalismo é sustentável?

Lula: Como é que a gente vai deixar de contratar professores? Vou passar à história como o presidente que mais fez universidades neste país. Ontem, completamos a 11ª (das quais, duas foram iniciativa do governo anterior). Ganhamos do Juscelino Kubitschek, que fez dez. Teve governo que não fez nenhuma. E ainda há três no Congresso para serem aprovadas.

Valor: O senhor considera que o Estado hoje está arrumado?

Lula: A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população. E ainda falta muito para chegar à perfeição.

Valor: O senhor foi vítima em 2002 do chamado "risco Lula". Hoje, já há quem fale em "risco Serra". Existe mais risco para o país com o Serra do que com a Dilma?

Lula: Nunca ouvi falar de ´risco Serra´ (risos). Posso falar de cátedra. Sofri com o ´risco Lula´ desde 1989. Em 1994, eu tinha 43% nas pesquisas em março e o que eles fizeram? Diminuíram o mandato para quatro anos e proibiram mostrar imagem externa no programa eleitoral. As pessoas pensam que esqueci isso. Quando chegaram as eleições para a prefeitura (em 1996), revogou-se a lei e todo mundo pôde mostrar imagens externas. Quando eles ganharam, aprovaram a reeleição. Então, essa coisa de ´risco Lula´ eu conheço bem.

Valor: É possível voltar a acorrer?

Lula: Espero que minha vitória e meu governo sirvam de lição para essas pessoas que ficam dizendo: ´o Lula era risco, agora o Serra é risco, a Dilma é risco, a Marina é risco, o Aécio é risco´. É uma cretinice política! Porque é tão sério governar um país da magnitude do Brasil que ninguém que entre aqui vai se meter a fazer bobagem. Quem fez bobagem não ficou. Todo mundo sabe da minha afinidade com os trabalhadores, da minha preferência pelos mais pobres. Entretanto, sou governante dos ricos também. E tenho certeza de que eles estão muito satisfeitos porque ganharam muito dinheiro no meu governo. Mais do que no governo ´deles´. Como pode um companheiro como a Dilma, o Serra, a Marina, todos que têm história, ficar sujeito a essa história de risco? E sabe por que não tem risco? Porque, se depois fizer bobagem, paga. Você pode ter visão diferente sobre as coisas, isso é normal. E agora mais ainda porque quem vier depois de mim.

Valor: Por quê?

Lula: Porque há um outro paradigma. Em cem anos a elite brasileira fez 140 escolas técnicas. Como é que esse torneiro mecânico faz 114? Estamos criando um paradigma. Fui ao Rio Maranguapinho (no Ceará) um dia desses. Estamos colocando lá R$ 390 milhões para fazer saneamento básico. Em Roraima são R$ 496 milhões para fazer saneamento e dragagem. Você sabe quanto o Brasil inteiro gastou em 2002 em saneamento?

Valor: Quanto?

Lula: R$ 262 milhões. Então, estamos colocando num bairro de Fortaleza o que foi colocado no Brasil inteiro naquele ano.

Valor: O senhor diria que pelo menos nos três fundamentos básicos da economia - superávit primário, câmbio flutuante e regime de metas - ninguém vai mexer porque foram testados na crise?

Lula: Para mim, inflação controlada é condição básica para o resto dar certo. Porque na hora que a inflação começar a crescer, os trabalhadores vão querer muito mais reajuste, os empresários também e a coisa desanda. Então, é manter a inflação controlada, a economia crescendo, permitir o crescimento do crédito. O Banco do Brasil sozinho hoje talvez tenha todo o crédito que o Brasil tinha em 2003.

Valor: Isso é bom ou ruim? Entre os anos 80 e 90, houve péssima gestão nos bancos estaduais, que acabaram quebrando…

Lula: Mas aí a culpa não é do banco. É irresponsabilidade da classe política. Os governantes transformaram os bancos públicos em caixa 2 de campanha. Emprestar dinheiro para amigo? Isso acabou. Não acho que ninguém que entre aqui vai ser bobo de mexer na estabilidade econômica e permitir que volte a inflação. Porque, se isso acontecer, o mandato é de apenas quatro anos.

Valor: A capacidade administrativa da ministra Dilma Rousseff, apesar do seu pouco carisma, e a confiança que o senhor tem em seu trabalho são suficientes para fazer dela uma candidata?

Lula: Quantos políticos têm carisma no Brasil? Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido presidente. Se dependesse de carisma, José Serra não poderia nem ser candidato. Carisma é uma coisa inata. Você pode aperfeiçoar ou não. Sempre é bom ter um pouco de carisma. O Jânio Quadros tinha carisma. Ficou só seis meses aqui. Estou dizendo que para governar este país é preciso um conjunto de qualidades. E a primeira qualidade é ganhar eleição. Tem que ter muita humildade, determinação do projeto que vai apresentar. Tem que provar que é capaz de gerenciar. Hoje, com sete anos de convivência, não conheço ninguém que tenha essa capacidade gerencial da Dilma. Às vezes as pessoas falam ´ela é dura´. Mas é que a mulher tem que ser mais dura mesmo.

Valor: Por quê?

Lula: Porque numa discussão política, para você se impor no meio de 30 ou 40 homens, é assim. A Dilma é muito competente. Feliz do país que vai ter uma disputa que pode ter Dilma, Serra, Marina, Heloísa Helena, Aécio. Houve no país um avanço qualitativo nas disputas eleitorais. O Fernando Henrique e eu já fomos um avanço extraordinário. Fico olhando e vejo que não tem um único candidato de direita. Isto é uma conquista extraordinária de um Brasil exuberante. É evidente que Serra tem discordância da Dilma e vice-versa, mas ninguém pode acusar um e outro de que não são democratas e não lutaram por este país.

Valor: Qual é a diferença entre eles?

Lula: Vai ter. Se for para fazer (um governo) igual não tem disputa. E, aí, o povo vai escolher por beleza… Não sei se serão só os dois. Mas são candidatos de qualidade.

Valor: Privatizar ou não privatizar pode ser a diferença?

Lula: Não.

Valor: Por que o senhor é contra a privatização?

Lula: Tudo aquilo que não é de interesse estratégico para o país pode ser privatizado. Agora, tudo o que é estratégico, o Estado pode fazer como fez com a Petrobras e o Banco do Brasil.

Valor: A Infraero é estratégica?

Lula: O Guido (Mantega, ministro da Fazenda) foi determinado a fazer um estudo sobre a Infraero, para ver se ela vira uma empresa de economia mista. O que nos interessa é que as coisas funcionem corretamente. Pedi ao Jobim (Nelson, ministro da Defesa) estudar o processo de concessão de um ou outro aeroporto para gente poder ter um termômetro, medir a qualidade de funcionamento. O que é estratégico no aeroporto é o controle do espaço aéreo e não ficar pegando passaporte de passageiros.

Valor: O senhor, então, não é contra a privatização por princípio?

Lula: Eu sou muito prático. Entre o meu princípio e o bom serviço prestado à população, fico com o bom serviço.

Valor: Quando o senhor falou dos candidatos, não mencionou Ciro Gomes.

Lula: O Ciro é um extraordinário candidato. De qualquer forma o PSB tem autonomia para lançar o Ciro candidato.

Valor: O senhor é o presidente mais popular da história do Brasil. No entanto, este Congresso é um dos mais desmoralizados. Por que o PT fracassou na condução do Congresso?

Lula: Você há de convir que a democracia no Brasil funciona com muito mais dinamismo que em qualquer outro lugar do mundo. O PT elegeu 81 deputados em 513 e 12 senadores em 81. A gente precisa dançar mais flamenco do que em qualquer país do mundo. Você vai ter que ter mais jogo de cintura. Exercitar a democracia é convencer as pessoas, é sempre mais difícil.

Valor: Por quê?

Lula: O Congresso é a única instituição julgada coletivamente. Se não teve sessão você fala: ´Deputado vagabundo que não trabalha´. Agora, nunca cita os que estiveram lá, de plantão, o tempo inteiro. Quando era constituinte, eu ficava doido porque ficava trabalhando até as duas, três horas da manhã. O Ulysses (Guimarães) ficava uma semana sem votar. Quando ele começava a votar, aquilo varava a noite. No dia seguinte, pegava o jornal, que dizia ´sessão não deu quórum porque os deputados não foram trabalhar´. Mas havia lá 200 em pé. Toda vez que vou a debates com estudantes, em inauguração de escolas, eu falo isso: ´Se vocês não gostam de política, acham que todo político é ladrão, que não presta, não renunciem à política. Entrem vocês na política porque, quem sabe, o perfeito que vocês querem está dentro de vocês´.

Valor: O senhor disse que o Brasil deve comemorar o fato de não ter candidatos de direita na eleição presidencial. Por que depois de tantas tentativas de aproximar PT e PSDB, isso não deu certo?

Lula: Porque na verdade nós somos os principais adversários.

Valor: Em São Paulo?

Lula: Em São Paulo e em outros lugares. Há uma disputa.

Valor: A aliança PT-PSDB é impossível?

Lula: Acho que agora é impossível.

Valor: Como o senhor avalia sua relação com a oposição, sobretudo no momento em que se discute o marco regulatório do pré-sal?

Lula: Essa oposição teve menos canal com o governo. Certamente o DEM e o PSDB pouco tiveram o que construir com o governo. Possivelmente quando eles eram governo, o PT também construiu poucas possibilidades. O projeto do pré-sal tal, como ele foi mandado, não é uma coisa minha. O trabalho que fizemos foi, sem falsa modéstia, digno de respeito, tanto é que o Serra concorda com o modelo. O Congresso tem liberdade para mudar.

Valor: A oposição diz que o governo pediu urgência para usar o projeto de forma eleitoreira. A urgência era exatamente por quê?

Lula: Porque precisamos aprovar o mais rápido possível para dizer ao mundo o que está aprovado e começar a trabalhar. Acho engraçado a oposição dizer isso. A oposição votou em seis meses cinco emendas constitucionais no governo Fernando Henrique Cardoso.

Valor: O senhor volta com o pedido de urgência, se for o caso?

Lula: Depende. Atendi ao pedido do presidente da Câmara, Michel Temer. Vamos votar no dia 10 de novembro. Isso me garante. Termino o mandato daqui a um ano. Serei ex-presidente, nem vento bate nas costas. Não é para mim que estou fazendo o pré-sal. O pré-sal é para o país.

Valor: O que o senhor pretende fazer depois que deixar o governo?

Lula: Não sei. A única coisa que tenho convicção é que não vou importunar quem for eleito.

Valor: Todo mundo tem medo que o senhor volte em 2014…

Lula: Medo? Acho que deveria ter alegria, se eu voltasse. Na política a gente tem de ter sempre o bom senso. Vamos supor que a Dilma seja eleita presidente da República…

Valor: E se ela perder a eleição? O senhor vai se sentir pressionado pelo PT a disputar em 2014?

Lula: Vou trabalhar para o povo votar favoravelmente, mas, se votar contra, vou ter o mesmo respeito que tenho pelo povo. Se ela for eleita, tem todo o direito de chegar a 2014 e falar ´eu quero a reeleição´.

Valor: E se ela não for eleita?

Lula: Não trabalho com essa hipótese, mas obviamente que, se não acontecer o que eu penso que deve acontecer, a história política pode ter outro rumo.

Valor: Parece que está consolidada a percepção de que o país terá câmbio apreciado por um bom tempo. O senhor teme uma desindustrialização?

Lula: O nosso objetivo é industrializar o máximo possível. O Palocci disse uma frase que é simples e antológica: ´o problema do câmbio flutuante é que ele flutua´. Obviamente que nós já estamos discutindo isso. Trabalhamos com a hipótese de que vai entrar muito dólar no Brasil. Precisamos trabalhar isso com carinho. Em contrapartida, também estamos avançando na questão de fazer trocas comerciais nas moedas dos países. Não preciso do dólar para fazer comércio com a China, a Índia, a Rússia. Podemos fazer comércio com nossas moedas e com as garantias dos bancos centrais. Esta é uma coisa nova que já começamos a discutir. Na última reunião dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), foi constituído um grupo de trabalho para pensar sobre isso. Não é possível você tratar da economia com teoricismo, de que você acha que hoje pode tomar uma decisão para evitar que alguma coisa aconteça daqui a dez anos. Esta crise econômica mundial mostrou isso. Hoje é unanimidade mundial que o Brasil é o país mais preparado para enfrentar isso. Nunca tivemos nenhum plano econômico. Cada vez que tinha uma crise vinha um e apresentava um plano. Quebrava. Os bancos hoje estão sendo processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma dívida de mais de R$ 150 bilhões, por causa dos planos Bresser e Verão.

Valor: Os bancos pediram ajuda ao governo?

Lula: Não é que o governo vai ajudar. O governo é o responsável. O governo fez a lei. Eles cumpriram a lei. Se eles perderem no STF, sabe o que vai acontecer?

Valor: A conta vai para o Tesouro.

Lula: Eles vão acionar a União. Obviamente que é isso. E quem fez os planos está dando palpites nas economias. Este é o dado. Também peço a Deus que eu não deixe nenhum esqueleto para meus sucessores. Por isso, estou mais tranquilo para tomar as decisões, mais meticuloso, para fazer as coisas. Eu fico imaginado, quando eu não estiver mais aqui dentro, o que é que um ex-presidente pode esperar do país. Que um venha e faça mais do que ele. Porque isso é o que vai fazer o país ir para a frente. Somente uma figura medíocre é capaz de torcer para o cara não dar certo. Porque, quando não dá certo, eu não vi nenhum político ter prejuízo. Ele pode perder a eleição, mas não tem prejuízo. Agora, o povo pobre é que paga a conta, se a política não der certo.

Valor: Qual vai ser o discurso da sua candidata?

Lula: Vamos deixar a candidata construir. Mas eu acho o seguinte: o que eram as campanhas passadas? Quem vai controlar a inflação, o salário mínimo de US$ 100, não era isso? Isso acabou. Não se fala mais em FMI, não se fala mais em salário mínimo de US$ 100, não se fala mais em inflação.

Valor: Mas no FMI o senhor vai falar?

Lula: Vou falar porque agora somos credores do FMI.

Valor: A França se tornou nosso parceiro prioritário em detrimento dos EUA?

Lula: Não sei porque não pensaram nisso antes. A França é o único país europeu que faz fronteira com o Brasil. São 700 quilômetros de fronteira. Isso é uma vantagem comparativa da relação com a França. Nós sempre teremos uma excelente relação com o EUA. Sempre teremos uma belíssima relação com a Europa. Mas isso não atrapalha que nós tenhamos relações bilaterais estratégicas com outros países. Acho que os Estados Unidos precisam ter um olhar para a América Latina mais produtivo, mais desenvolvimentista.

Valor: O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vai sair para se candidatar ao governo de Goiás?

Lula: Sinceramente, o Meirelles não devia pensar em ser candidato a governador, coisa nenhuma. É que esse negócio (fazer política) tem um comichão…

Mandonismo

Francisco Celso Calmon

A contradição que o PT local está vivendo não é um fenômeno isolado. É o mesmo que a sociedade brasileira vive, talvez ainda de forma latente, não totalmente manifesta e lúcida. Trata-se de qual democracia o povo brasileiro quer para o seu país, igualmente qual a democracia que a militância petista quer para o seu partido?

Queremos construir uma democracia dos cidadãos ou uma "democracia" das elites? O poder de uns poucos, que se julgam os melhores - aristocracia - ou o poder do povo, que são muitos? É a República dos amigos, do corporativismo, do patrimonialismo, das instituições corrompidas? É a república oca, tal qual uma igreja sem fiéis? É a república sem povo, mas em seu nome governada? O Brasil das oligarquias, dos Sarneys, dos ACMs, dos RenanCollors..., mutáveis nas pessoas, mas permanente na estrutura de domínio do poder?

É a democracia de pés de barro - frágeis na essência, cínica e hipócrita na aparência? Ou desejamos construir uma República de todos e administrada de forma democrática, na qual, sempre que viável é o povo que diretamente decide, e cuja postura seja a decência, a transparência e a participação coletiva solidária?

O que objetivamos para o macrocosmo social, também devemos construir no microcosmo partidário. Se os partidos, sujeitos dessa construção, não praticam internamente o que dizem querer para a sociedade brasileira, como serão capazes? Se não praticam a democracia interna, como seus quadros se comportarão quando no poder? Para que serve a militância? Para fazer o teatro do faz-de-conta, para sair na fotografia, para levantar e baixar crachás e bandeiras?

Eis porque combatemos o que chamamos de geopolítica de gabinete. Ela é uma metodologia de apartação. Aliena o povo, exclui a militância. O Espírito Santo esteve entregue institucionalmente ao crime organizado, foi necessário um movimento de muitos, e que contou com lideranças à frente, não de uma, de algumas, mas que tinham muitos atrás. Entretanto, à guisa de que o crime organizado ainda está incrustado, apregoam que o caminho vitorioso é aquele que tem um chefe acima de tudo, que só o que vem dele assegura a trilha do bem. É o mandonismo, grave acinte à democracia.

O PT-ES já cometeu seus erros, desgastou-se, retraiu-se, revigorou-se. É hoje a legenda com maior apoio eleitoral. Quando tinha tudo para ser vanguarda, tornou-se caudatário da estratégia hartunguista. Estranha e, ainda, inexplicavelmente, seu quadro de maior popularidade, João Coser, com uma postura de dono do partido, explicitando informações incompletas, provocando a indisciplina no interior do PT, acirrando prematuramente divisões, hipertrofiando a democracia interna, assumiu a articulação do candidato ungido pelo governador, antes do partido arquitetar, democraticamente (isto é: através do contraditório) a sua tática eleitoral.

E é até pitoresco saber que o candidato Ricardo Ferraço "tem convicção absoluta de garantir um palanque a Dilma". O candidato tem forte rejeição na militância de esquerda, não se sobressai como um excepcional gerente, por que, então, é o ungido?

Ajudar a Dilma é em primeiro lugar manter o PT disciplinado e unido. Por tudo, a indagação que ferve no meio político é o porquê do Coser ter cometido erros tão primários, sendo o político que é?

Francisco Celso Calmon Ferreira da Silva é fundador do PT.


Dicionário da mídia

Alguns exemplos de verbetes largamente utilizados pela mídia em seu esforço em manipular as palavras:

Ditador - É a denominação que a mídia dá a um presidente eleito democraticamente e age de acordo com a Constituição. Exemplo: Hugo Chaves.

Presidente - É a denominação que a mídia dá a quem aprova leis ditatoriais, invade nações para apossar-se de suas riquezas, assassina mais de um milhão de seres humanos; constrói muros segregacionistas; é contra o Tribunal Penal Internacional e os protocolos de Kioto.Exemplo: George W.Bush.

Incursão: Assim a mídia denomina a invasão de um país.

Tutela - É o sinônimo que a mídia dá à ocupação do Iraque pelos Estados Unidos.

Terrorista - Assim a mídia denomina o revolucionário que luta contra o jugo colonialista.Exemplo: iraquianos, afegãos e palestinos.

Suicida - É a denominação que a mídia dá ao prisioneiro assassinado pelos carrascos estadunidenses nas prisões de Abu-Ghraib e Guantanamo.

Ataques cirúrgicos- Assim a mídia repercute quando um míssil estadunidense erra o alvo e causa a morte de civis. Três exemplos:

1)-O assassinato da filha de cinco anos do presidente líbio Muammar Kadhafi, em 1986;

2)-O abate de um avião civil iraniano com 298 passageiros e tripulantes em 1988. Não houve sobreviventes.

3)- A destruição de uma indústria farmacêutica no Sudão em 1998.

Seqüestro - Se um soldado israelense é capturado quando invade o Líbano ou a Palestina, a mídia diz que foi seqüestro.

Captura - Se um palestino ou libanês são seqüestrados pelas tropas invasoras, a mídia diz que foi captura.

Incidente ou efeito colateral -É quando tropas de Israel ou dos Estados Unidos massacram centenas de civis palestinos, iraquianos e afegãos.

Massacre - É quando palestinos, iraquianos e afegãos matam dois ou três soldados de Israel e Estados Unidos.

Assentamento - É a denominação que a mídia dá à usurpação de terras palestinas por invasores israelenses.

Conflito - Assim a mídia denomina a invasão e ocupação da Palestina por tropas de Israel.

Xerox: : blog do bourdoukan

Vamos prestigiar ! Compareça

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Guarapari - o município que menos investiu em educação

Investimento em educação varia 179% entre municípios

A média de investimento por aluno matriculado na rede municipal de ensino das 78 cidades capixabas é de R$ 3,2 mil. Mas a diferença do valor aplicado pelas prefeituras em cada estudante, durante o ano de 2008, chega a variar em 179%. Enquanto o primeiro colocado direcionou R$ 6.380,00 por criança e adolescente nas escolas, o último chegou a R$ 2.283,00.

Presidente Kennedy, com pouco mais de 1,8 mil alunos, foi a cidade que mais investiu por estudante. Em seguida estão Anchieta, Itarana, Santa Leopoldina e Alegre, todos com menos de 50 mil habitantes. Entre os 13 maiores investidores por estudante, somente Vitória, em 8º no ranking, tem uma população maior.

"O número maior de cidades pequenas liderando o investimento per capta em educação está relacionado ao fato dessas cidades liderarem o ranking de receita per capta (investimento público por habitante)", comenta o economista e editor da Revista Finanças dos Municípios Capixabas, Alberto Borges.

Mas o investimento maior, com exceção de Itarana, não necessariamente está relacionado com a qualidade do ensino nesses municípios, se forem consideradas as notas que cada cidade alcançou no último Idebnn.

No final da lista aparece Conceição da Barra, com a menor verba destinada em 2008 aos alunos da rede municipal. Em penúltimo, o município de Guarapari; com Pedro Canário, Cariacica e Piúma nas posições seguintes.

"Entre os cinco últimos colocados, apenas Conceição da Barra, com o pior investimento por aluno, não está entre as cidades que têm as menores receitas por habitante. O que levanta um questionamento na forma como o dinheiro público foi empregado nesse serviço", aponta Borges.

Segundo o economista, os investimentos são, em maioria (80%), provenientes dos tributos arrecadados por cada cidade. "Por lei, 25% do que vem dos impostos deve ser direcionado para a educação. O que não impede dos recursos destinados serem ainda maior e virem de outras fontes", explica Alberto Borges.

Em 4 anos, mais 80% de gastos com o ensino
Em quatro anos, houve um crescimento superior a 80% nos investimentos municipais em educação. Enquanto em 2004 foram direcionados R$ 880 mil ao sistema de ensino, no ano passado o valor chegou próximo de R$ 1,6 bilhão.

"Esse crescimento é surpreendente", frisa o economista Alberto Borges. Segundo ele, resta saber se a qualidade na educação também cresceu proporcionalmente no mesmo período. "Mantendo esse ritmo no montante investido, está na hora de direcionar os mesmos cuidados para o conteúdo que é ensinado aos alunos", avaliou Borges.

Ao todo, houve um crescimento entre 2007 e 2008 de quase 10%, ainda menor do que a média nacional, de 13%; e da Região Sudeste, de 12%. "Mesmo assim, o acúmulo dos quatro anos pesa muito mais. Isso por conta do crescimento na arrecadação tributária nacional, estadual e de cada município", afirma o economista.

Houve cidades em que o investimento aumentou próximo dos 50%, como Guaçuí (51,7%), e Itarana (49,6%). O aumento também foi destacado entre as prefeituras de Marataízes (46,2%), Presidente Kennedy (37,4%) e Bom Jesus do Norte (32,5%).

Vitória prioriza as crianças
A Capital teve redução de 4% no valor que foi investido em educação em 2008, quando comparado ao ano anterior. Mas a cidade permanece como o município que mais investiu, em termos absolutos, na rede pública de ensino. Foram quase R$ 234 milhões para a manutenção do serviço e reforma e construção de unidades, que totalizam mais de 50 mil matriculados.

Para a secretária de Gestão Estratégica de Vitória, Marinely Magalhães, os recursos mostram que a cidade mantém a preocupação no serviço de educação. "Temos uma das maiores demandas do Estado e, mesmo assim, mantemos a qualidade do serviço e do ensino", garante.

Magalhães disse, ainda, que boa parte desses investimentos são empregados na educação infantil. "Enquanto poucos municípios começam a investir no serviço de crianças entre 4 a 6 anos, Vitória amplia a oferta nessa idade e, ainda, na de 6 meses a 3 anos, um diferencial do município. Ao todo, temos 19 mil alunos matriculados nessas idades", comenta a secretária.

Ela também destacou a municipalização de cinco escolas e a aquisição de outras cinco unidades, em quatro anos.

Guarapari terá novas escolas
Guarapari e Conceição da Barra tiveram os menores valores destinados aos alunos matriculados na rede pública. Enquanto Guarapari assumiu que os investimentos em 2008 foram menores, a cidade do litoral Norte do Espírito Santo não deu explicações.

Já em Guarapari, a secretária de Educação Jacinta Meriguete Costa deixou claro que o problema maior foi a mudança de prefeitos, no meio do ano passado. "Estávamos com quatro novas escolas em construção, até o meio do ano passado, quando a Justiça determinou a mudança de prefeito. Tudo foi interrompido, obras e investimentos", explica.

Apesar de Guarapari ter a décima maior verba total destinada à educação em 2008, entre as 78 cidades capixabas, o gasto por aluno deixa o município na penúltima colocação. "Essa situação mudou. Estamos com oito escolas em construção, quatro ficam prontas neste ano", afirmou Costa.

A reportagem procurou a Prefeitura de Conceição da Barra para comentar os dados de investimentos municipais em educação, mas não houve retorno por parte da administração pública.

Aumento do repasse foi maior na Serra
Serra alcançou o maior crescimento percentual nos investimentos em educação, entre 2007 e 2008, quando comparado com outras cidades com mais de 50 mil habitantes. Se depender da prefeitura, o número será ainda maior no próximo comparativo. No ano passado, foram R$ 171 milhões investidos. "Os dados são de 2008, mas se pudéssemos atualizá-los veríamos uma curva ascendente nos investimentos em Educação. Até este mês foram mais de R$ 220 milhões, com a construção de dez novas escolas de ensino fundamental e de dez centros de educação infantil, a serem inaugurados em 2010", frisou a secretária Márcia Lamas.

Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) reúne o fluxo escolar e as médias de desempenho de estudantes em único indicador. Ele é calculado com os dados do Censo Escolar, e as notas de alunos que participam do Saeb e da Prova Brasil. A média do país em 2007, último índice, foi 4,2. A meta para 2021 é 6,0.

Itarana: recurso maior para alunos reflete nas boas notas
Entre as três cidades que mais investem por aluno matriculado na rede municipal de ensino, Itarana se destaca, não apenas no valor destinado aos estudantes, mas, ainda, pelas notas alcançadas nos sistemas de avaliação federais.

Com médias no Ideb entre as maiores do Estado - nota 5, entre alunos até 4ª série; e 5,3, até os da 8ª série - se destaca, ainda, com um modelo de educação exclusivo: uma apostila. "Nós que a fizemos, atualizando as informações a cada trimestre", frisa a secretária de educação Rosa Elisa Venturini Delboni.

A apostila serve como apoio, ao lado do material didática oferecido nacionalmente, mas atualizado de três em três anos. "Além de informações locais, do Estado e do município, incluímos informações mais novas, deixando o material o mais atualizado possível", disse.

A Prefeitura de Itarana ainda conta com transporte escolar para todos, merenda reforçada e 0% de evasão escolar. O mesmo quadro observado em Anchieta, que ainda é o único município com 100% de universalização do ensino (todos com idade escolar do ensino fundamental, que moram na cidade, estão matriculados).

A reportagem não encontrou nenhum representante da Prefeitura de Presidente Kennedy para comentar os dados.

Xerox : : Maurilio Mendonça - 12/09/2009 - 00h00 (Outros - A Gazeta)

Mídia dá proteção ao narcoterrorista Uribe

Com denúncias de compra de votos e de outras maracutaias, o parlamento da Colômbia aprovou em agosto o projeto de lei que permite ao presidente Álvaro Uribe disputar um terceiro mandato. A mídia hegemônica, que fez tanto estardalhaço contra as sucessivas vitórias eleitorais de Hugo Chávez e que espalhou terrorismo contra a hipotética reeleição de Lula, não deu maior destaque à corrupta aprovação deste projeto. No máximo, forçou uma comparação entre Uribe e Chávez, que não corresponde aos fatos. Na prática, a mídia dá proteção ao narcoterrorista Álvaro Uribe.

Este silêncio cúmplice causou indignação em diversos setores da sociedade. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, ironizou a omissão da mídia e dos histéricos líderes do PSDB, DEM e PPS. "Na reeleição de Chávez ou num terceiro mandato para Lula, sempre houve reação feroz destes setores, mas com Álvaro Uribe, um preposto dos EUA, há um silêncio escandaloso. Esse comportamento seria estranho se não fosse óbvio", cutucou. "Esse é o posicionamento claro da grande mídia, que faz uma diferenciação dos governos alinhados com os EUA e aqueles que são voltados às demandas populares e às propostas de integração da América Latina", observou o professor Laurindo Lalo Leal Filho, um atento observador crítico da mídia hegemônica.

Cobertura seletiva da "doce mídia"

O blog "Os amigos do presidente Lula" fez uma pesquisa no Google para evidenciar a distorção na cobertura. Ao usar as palavras-chave "reeleição Chávez", encontrou aproximadamente 1.370 resultados só neste ano. No mesmo período, com as palavras-chave "reeleição Uribe", encontrou apenas 598, menos da metade. Já o jornalista Renato Rovai ridicularizou no seu blog a cobertura seletiva da "nossa doce mídia". Ela trata o presidente Hugo Chávez como "a personificação do demônio"; já Uribe, acusado de corrupção e fantoche do militarismo ianque, é um "good-boy".

"A Câmara da Colômbia aprovou, com 85 votos a favor e cinco contra, a proposta que permite a Uribe iniciar o caminho para se re-candidatar à sua sucessão. Eram necessários 84 votos. O mais escroto (perdão, não tenho palavra mais precisa) desse processo é que dos 165 deputados colombianos, 92 estavam impedidos de votar devido a um processo na Suprema Corte de Justiça. Entre outras coisas, os processos são por evidências de que venderam seus votos para o governo. É incrível como a indignação da nossa doce mídia é seletiva", ironizou Rovai.

Advogado do Cartel de Medellín

Em mais este episódio, a mídia hegemônica brasileira demonstra que é totalmente colonizada. É um filial das ambições imperiais dos EUA, que acabam de instalar novas bases militares no país vizinho, colocando em risco a segurança do continente. Ao relativizar a corrupção na votação do projeto ou ao comparar Chávez com Uribe, ela mente descaradamente. Ela sabe que o presidente colombiano é um ditador sanguinário, com sólidas ligações com o narcotráfico. Os "colunistas" bem pagos da mídia deveriam ler o livro "Amando Pablo, odiando Escobar", escrito por Virgínia Vallejo, ex-apresentadora de TV e ex-amante do chefão do Cartel de Medellín, Pablo Escobar.

Em caso de preguiça "seletiva", poderiam recuperar a entrevista dada por ela ao repórter César Tralli, da TV Globo. Na ocasião, Virgínia Vallejo lembrou que Álvaro Uribe, quando dirigiu o Departamento de Aviação Civil da Colômbia (1980/82), facilitou o tráfico de drogas aos EUA. "Pablo dizia que se não fosse por esse 'rapaz bendito' ele ainda estaria transportando cocaína em porta-malas de carros e nadando até Miami para levar a cocaína para os gringos… Os aviões do narcotráfico podiam aterrissar e levantar vôo diretamente para Bahamas de suas próprias pistas. Uribe tinha dado licença para as pistas e também para toda sua frota de aviões e helicópteros".

A ignorância dos "serviçais da CIA"

Estes "colunistas de aluguel" também deveriam consultar o livro de Joseph Contreras, jornalista da Newsweek, intitulado "El señor de las sombras". As 260 páginas desta valiosa obra são ricas em informações sobre a trajetória do narcoterrorista que preside a Colômbia. Ou, como muitos mantêm excelentes relações com a CIA, eles deveriam ler o relatório do serviço de inteligência do Departamento de Defesa dos EUA, datado de setembro de 1991 e liberado recentemente ao público. Ele lista os 100 principais colombianos envolvidos no tráfico de cocaína aos EUA.

Na página 82 do documento surge uma informação bombástica: "Álvaro Uribe Vélez, político e senador colombiano, dedicou-se à colaboração com o Cartel de Medellín em níveis elevados do governo… Uribe trabalhou para o cartel e é amigo próximo de Pablo Escobar Gaviria". Seu pai, Alberto Uribe Sierra, chegou a ser preso e seu processo de extradição aos EUA foi negado graças à ação do filho. Um helicóptero do Cartel de Medellín foi usado no enterro do pai de Uribe. Será que os "colunistas" da mídia brasileira não conhecem este relatório revelador?

Já no que se refere à "democracia liberal" da Colômbia, tão alardeada como antítese da "ditadura chavista", a mídia colonizada deveria, pelo menos, destacar os relatórios anuais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que atestam que este país é um dos mais violentos do planeta. De janeiro de 2001 a dezembro de 2006, foram assassinados 2.245 líderes sindicais e outros 138 estão desaparecidos. Os jornalistas independentes também são vítimas de censura e perseguições e boa parte dos veículos de comunicação está comprometida com o ditador Álvaro Uribe. O seu vice- presidente inclusive é um dos barões da mídia na Colômbia.

por Altamiro Borges

Passo firme até a revolução

Oscar David Montesinos, 10 anos de idade e seu discurso no dia 26 de agosto, em ato realizado em Tegucigalpa contra o golpe de Micheletti.

Chávez é recebido como estrela no Festival de Veneza

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VENEZA - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chegou em Veneza na tarde desta segunda-feira, onde caminhou pelo tapete vermelho com o diretor Oliver Stone, que lança na mostra o documentário ''South of the border". Centenas de pessoas, algumas delas gritando "presidente, presidente", se reuniram em frente ao Cassino para acompanhar a chegada do líder venezuelano. Chávez lançou uma flor para a multidão e pegou a câmera de um fotógrafo para tirar a própria foto.

- O que está acontecendo na América Latina é como um renascimento - disse a jornalistas o presidente venezuelano.

No documentário, o presidente é retratado com simpatia, como um herói do povo que se recusa a ser intimidado.

Originalmente uma tentativa de corrigir o que Stone vê como um tratamento injusto de Chávez pelas emissoras e jornais, "South of the border" se transformou em um projeto maior e incluiu também entrevistas com líderes de Argentina, Brasil, Equador, Bolívia, Cuba e Paraguai

. - Ele é um cara que você deveria conhecer. Ele é a estrela do filme - disse Stone antes da exibição do filme.

O diretor diz que a mídia e o governo americanos têm demonizado o presidente venezuelano e outros líderes esquerdistas sul-americanos, e também argumenta em seu novo filme que eles estão certos em enfrentar Washington.

- Eu acho que o filme mostra muito claramente o nível de estupidez no tipo de afirmações genéricas que são feitas sobre Chávez - disse o diretor em Veneza. - Mas eu não queria fazer um filme apenas sobre os ataques da mídia americana. Acho isso muito pequeno diante do que este homem representa. Ele é um grande fenômeno.

"South of the border" combina clipes de empresas de radiodifusão americanas e de comentaristas que descrevem Chávez - um deles o compara com Hitler -, além de exibir entrevistas e noticiários sobre a turbulência econômica na América do Sul durante a última década. - Cada um desses países (Venezuela, Bolívia e Argentina) está em uma luta.

A ideia que Chávez tem expressado é "vamos nos unir, vamos ficar juntos aqui, pois estamos diante de um gigante". Não é apenas contra o governo americano, no caso, mas também contra as corporações multinacionais, que são muito fortes - afirmou Stone. Questionado sobre manifestações anti-Chávez no fim de semana em Caracas, envolvendo milhares de pessoas, Stone respondeu:

- Chávez continua sendo muito popular na Venezuela e continua sendo eleito. Sem dúvida, a melhoria social tem sido grande no país. Ainda há muitos problemas, mas tem ocorrido uma mudança maravilhosa desde 2000.

PT/ES não aplica regra e presidentes municipais ocupam cargos públicos

Com quatro nomes na disputa, a eleição do PT estadual está cada vez mais acirrada. Mas um detalhe está passando despercebido pelos candidatos e deve ser debatido pela militância: novo Código de Ética do partido, que proíbe ocupantes de cargos públicos de exercerem funções dentro do PT. Um dos candidatos a presidente, Tarciso Vargas (foto), é secretario de Estado.

Vargas pode desistir da candidatura à presidência do partido, em um acordo com Givaldo Vieira, mas, se mantiver o nome na disputa e vencer, terá que sair da secretaria. Além de candidato a presidente do partido, Tarciso Vargas é membro da Comissão Executiva estadual. Por isso, está em situação irregular.

O código de ética foi aprovado em 18 de junho de 2009, pelo Diretório Nacional do PT, com apenas duas abstenções e validade desde 1° de agosto de 2009. O ponto que chama atenção para os petistas capixabas está nas páginas 13/14 do documento.

No Capítulo II, Seção II, Art. 8º. "É vedado aos membros das Comissões Executivas: I - ocupar cargo, exercer emprego ou função de confiança na esfera da administração pública, direta ou indireta, no âmbito federativo em que exercem a função de direção partidária".

O fato chama atenção porque o presidente atual do PT e candidato à reeleição, deputado estadual Givaldo Vieira, vem utilizando como propaganda da corrente "Mensagem ao Partido" o discurso de que este movimento foi o responsável pela aprovação do código de ética.

O próprio Givaldo só se tornou presidente por conta dela, já que. com a eleição então presidente Carlos Casteglione para a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, o deputado estadual, que era o vice-presidente, assumiu a presidência do partido.

Embora Givaldo pregue a participação da "Mensagem" na elaboração da regra, o grupo que comanda o PT/ES não disciplina a situação de seus militantes, como mostra a situação de alguns membros da corrente.

A presidente do PT de Cariacica, Ilca Barcelos, é a responsável pelo Instituto de Previdência do município, uma autarquia ligada à prefeitura. Como é membro de comissão executiva, conforme o novo código de ética tem que optar por um ou por outro cargo ou função.

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Já o secretário municipal na Serra Cleber Lanes preside o PT do município. O mesmo acontece em Vitória, onde o secretario de Desenvolvimento da Cidade, Cleber Frizera, é presidente do Diretório Municipal.

Estaca zero

A decisão da direção nacional do PT, de revogar o apoio do diretório regional à candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB/foto) ao governo do Estado, atendendo a recurso da deputada federal Iriny Lopes (PT) e do subsecretário de direitos humanos, Perly Cipriano(PT), praticamente zera o processo eleitoral que corria a todo vapor por aqui. Por mais que possa ter efeito diferente no futuro, o posicionamento representa, agora, deixar a candidatura de Ferraço. Para um nome que vinha sendo conduzido para se consolidar como candidato único, dada à dificuldade eleitoral do vice-governador, significa,na verdade, a perda de seu melhor aliado. Pois o PMDB, por mais amplo que seja, em matéria de imagem para o eleitor sempre foi fraco. É uma sigla boa para eleger prefeitos e parlamentares. Já para governador, precisa de muito oxigênio de outros partidos. De certa forma, é um golpe na marcha sem obstáculos que seguia no Estado, agregando prefeitos e deputados. Mais grave ainda: tira a eleição da tela este ano. Ferraço continuará caminhando por ai em busca de votos, mas sem a estrela do PT no peito, até então, sua melhor condecoração.

"Não é hora de rebeldia"

"O PT tem regras que devem ser cumpridas por todos, do Lula ao mais recente filiado. Não é hora de rebeldias". Assim reagiu a deputada Iriny Lopes às declarações do prefeito de Vitória, João Coser, de que vai continuar o trabalho de articulação política em favor da candidatura de Ricardo Ferraço (PMDB) a governador do Estado, postura condenada em resolução do PT nacional, nessa quinta-feira (3).

Uma das autoras do requerimento à Nacional contra a decisão do PT capixaba de apoiar Ricardo Ferraço, ela acredita que seria prudente Coser reconhecer as regras do partido para que o trabalho de debates internos possa acontecer dentro do calendário estabelecido pelo partido.

Ou seja, o PT capixaba deverá se enquadrar no processo que vem acontecendo em todos os outros estados e deixar a decisão sobre apoios para depois do dia 21 de fevereiro do próximo ano. "É preciso que a militância se posicione, o partido precisa conversar internamente sobre a eleição nacional e sobre os caminhos no Espírito Santo. Depois disso, eleger seus delegados para o encontro do partido no próximo ano, dentro de um calendário pré-estabelecido. Não há por que conversar com um único partido neste momento", disse a deputada.

Sobre a decisão da Câmara de Recursos do Diretório Nacional do PT em anular a resolução do PT capixaba de apoio à candidatura do peemedebista, a parlamentar disse que não esperava outra postura e que simplesmente foram cumpridas as regras do partido.

"E esta decisão do PT Nacional não é letra morta, não. Deve ser respeitada. A partir de agora vamos buscar espaço nas articulações, vamos discutir os nomes que o PT pode apresentar tanto na majoritária quanto na proporcional. Não é verdade que o PT não tenha nomes ao Senado. Tem sim, e bons quadros", garantiu.

Sobre as negociações que já estavam sendo encaminhadas pelo prefeito de Vitória, como a indicação do vice na chapa de Ricardo, Iriny disse que esta é uma estratégia de uma parte do partido e não do conjunto dele. O PT pode até seguir este caminho, mas isto precisa ser discutido com a militância, ponderou.

"Esta posição não é prudente. O João é fundador do partido, conhece as regras do partido e precisa reconhecer estas regras do diálogo interno", lembrou a parlamentar, que espera ver o correligionário voltando atrás na decisão de continuar trabalhando em favor da candidatura de Ricardo. Caso isso não aconteça, o grupo que fez o requerimento poderá se reunir e analisar as providências a serem tomadas contra as normas do partido.

Cenário

Nos meios políticos, as declarações do prefeito de Vitória foram vistas como uma manifestação baseada na certeza de que o grupo dele vencerá a eleição interna do PT capixaba. Coser tem dado o tom de direção ao partido, por meio do atual presidente, Givaldo Vieira, liderança ligada a ele.

A decisão do PT nacional, porém, vai racionalizar o pleito. Se por um lado Givaldo vai defender a postura do prefeito de participar do palanque de Ricardo Ferraço, um dos requerentes do recurso contra a resolução do PT capixaba é Perly Cipriano, candidato do grupo lulista à presidência do partido no Estado.

Com a decisão, Perly ganhou capital político dentro do partido e a decisão de jogar a decisão para dentro da sigla escancara a eleição partidária e divide os votos da militância. Se por um lado os candidatos Givaldo e Tarciso Vargas uniram forças, nada impede que Perly e o candidato da "Articulação de Esquerda", José Otávio Baioco possam se unir e mudar o cenário da eleição.

Se internamente a decisão do PT nacional acirrou a disputa pela presidência do partido no Estado, externamente o maior prejudicado foi o vice-governador Ricardo Ferraço. Ele enfrentou neste episódio uma artilharia até então desconhecida pelo grupo e pode perder seu principal emissário político. Embora Coser domine o diretório e possa reafirmar a posição tomada anteriormente, não vai conseguir evitar que o partido discuta a eleição.

Outra articulação que fica em risco é a costura feita por Coser para colar Givaldo na vice de Ricardo. Isto garantiria o lugar do prefeito de Vitória na sucessão de Ricardo Ferraço, em 2014. Influenciaria também na eleição proporcional, já que em contrapartida pela vaga na vice a estratégia do PMDB seria forçar o PT a fechar uma coligação com o partido do vice-governador.

O acordo seria prejudicial ao PT, sobretudo na eleição para a Câmara dos Deputados, já que o PMDB tem a maior bancada e os melhores quadros na disputa do próximo ano. Com isso, a intenção do PT de aumentar a bancada seria frustrada e o partido conseguiria, no máximo, manter a única vaga que ocupa hoje na bancada, a da deputada Iriny Lopes.

Racha na corrente lulista pode fazer Tarciso sair da eleição no PT/ES

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O Processo de Eleição Direta (PED) do PT Estadual pode ficar sem um de seus concorrentes. O comentário nos bastidores da disputa é de que o secretario Estadual de Trabalho e Ação Social, Tarciso Vargas (foto), pode deixar a disputa. O racha na corrente lulista, à qual o secretário pertence, com a colocação de outro nome na disputa, esvaziou sua candidatura.

Embora o grupo de Tarciso tenha deliberado por apoiá-lo na disputa, a colocação do nome do subsecretario de Direitos Humanos da presidência da República, Perly Cipriano, mudou o quadro na sucessão pelo comando da sigla no Estado. Ex-presidente do PT e com um perfil voltado para o partido, Perly conseguiu agregar força política em sua campanha e o apoio da militância.

Como secretário de estado, Vargas tem uma postura mais institucional. Foi justamente esta posição que fez com que Perly lançasse sua candidatura. Perly considerou precipitada a decisão surgida no encontro do partido que deliberou pelo apoio à candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) ao governo do Estado, em 2010.

O secretário, na ocasião, foi um dos principais articuladores do governo em favor de Ricardo, enquanto o grupo lulista defendia a candidatura própria do PT ao governo, tendo o prefeito de Vitória, João Coser, como cabeça de chapa. Com isso, o grupo, que antes estava fechado em torno do nome de Tarciso, como na eleição passada, em 2007, acabou rachando.

A estratégia de Vargas seria a de desistir do pleito, favorecendo os adversários de Perly, sobretudo o atual presidente da sigla, deputado estadual Givaldo Vieira, que concorre à reeleição pela corrente "Mensagem ao Partido" e que já tem o apoio dos petistas independentes e da corrente "Democracia Socialista" (DS).

Os comentários sobre a possível saída de Tarciso do PED surgiram durante a visita do presidente Lula ao Estado, nessa terça-feira (1). Tarciso convidou Givaldo para uma foto ao lado do presidente Lula, o que, para a militância, serviu de recado.

A desistência de Vargas em favor de Givaldo seria um grande trunfo do atual presidente em uma disputa que promete ser acirrada. Assim como em 2007, a expectativa é de que a eleição seja realizada em dois turnos. Givaldo e Perly são os mais cotados para a segunda etapa. Em 2007, o grupo de Givaldo disputou com o candidato da corrente "Articulação de Esquerda", que apostou no nome do ex-deputado estadual José Otávio Baioco.

Este ano o grupo retomou o projeto, mas desta vez a candidatura forte de Perly e o crescimento da corrente lulista no Estado podem colocar um novo cenário no segundo turno do PED. A eleição será no dia 22 de novembro próximo. Já a segunda etapa será no dia 6 de dezembro.

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O tombo


Executiva do PT convoca militância a debater pré-sal com a sociedade

A Comissão Executiva Nacional do PT, reunida nesta quinta-feira (3), em Brasília, aprovou resolução política, onde reforça o anúncio do marco regulatório do pré-sal como uma das muitas notícias positivas para os interesses do povo brasileiro, assim como o crescimento do PIB no segundo trimestre do ano e a retomada dos empregos formais, entre outros avanços pós-crise financeira mundial.

A CEN convoca toda a militância petista a ampliar o debate sobre o Pré-Sal com todos os segmentos da sociedade brasileira.

Leia a íntegra do texto:

Resolução política

1. A apresentação do marco regulatório do pré-sal é o principal destaque de um período com diversas notícias positivas para os interesses democráticos e populares:

a) o anúncio de crescimento do PIB no segundo trimestre do ano;

b) a retomada dos empregos formais em julho e a queda do desemprego;

c) a confirmação do reajuste real para os aposentados de todas as faixas a partir de 2010;

d) a entrada, na ordem do dia do Congresso, da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais;

e) a liderança do Banco do Brasil no ranking dos bancos, mesmo operando com taxas de juros mais baixas e ganhando mais na concessão de crédito do que na especulação;

f) a difusão da lei do microempreendedor individual, que possibilitará a formalização, na Previdência, na Receita e no acesso ao crédito, de milhões de pequenos empresários;

g) o desfecho favorável das negociações do governo com o MST, em especial em torno da adoção de novos índices de produtividade da terra;

h) a positiva reunião do presidente Lula com a Conem, coordenação nacional das entidades do movimento negro, em torno de 12 itens de sua pauta de reivindicações;

i) a posição adotada, na reunião da Unasul em Bariloche, pelo Brasil e pela maioria dos governos sul-americanos, em defesa da integração do Continente e contra a presença de bases militares dos Estados Unidos na Colômbia;

2. As notícias envolvendo o Brasil contrastam com a situação internacional. A crise econômica mundial ainda provoca efeitos negativos em vários países do mundo, em especial nos Estados Unidos e na Europa. Queda da produção, retração do mercado de trabalho, queda da renda interna e do comércio internacional são indicadores de que a crise continua a impactar o desempenho econômico de muitas regiões do planeta. Enquanto isto, no Brasil, os dados econômicos confirmam os efeitos benéficos das políticas adotadas pelo governo Lula: o PAC, o programa Minha Casa, Minha Vida, a ampliação do Bolsa família, o aumento real do Salário Mínimo, a redução da meta de superávit primário, as reduções da taxa SELIC, a atuação dos bancos públicos viabilizaram o dinamismo econômico, a despeito da queda das exportações.

3. Incapaz de contestar este ambiente econômico e social positivo, a oposição articulou uma ofensiva político-midiática, com destaque para a chamada "crise do Senado". A partir de fatos reais, decorrentes de gestões patrimonialistas, nepotistas e fisiológicas, nas quais PSDB e DEM têm grande responsabilidade, a oposição trabalhou para criar atrito entre as bancadas do PT e do PMDB, bem como para afastar o presidente do Senado, com a clara intenção de colocar um tucano na direção da casa, ainda que por duas ou três semanas. A orientação da direção partidária e a atuação solidária dos senadores petistas no Conselho de Ética contribuíram para desmontar a estratégia oposicionista.

4. O PT defende a completa apuração e punição dos culpados por toda e qualquer ilegalidade, inclusive quando cometida por senadores da oposição, cujas malfeitorias são tratadas com cínica tolerância pela mídia. Ao mesmo tempo, o PT tem lembrado que não haverá "ética na política" sem reforma política, que estabeleça o financiamento público de campanha e o voto em lista. No caso específico do Senado, o PT defende o fim do poder revisor, o fim da figura do suplente que assume mandatos sem ter recebido nenhum voto, a adoção de mandatos de quatro anos, entre outras medidas. No bojo de uma ampla reforma política, o PT defende ainda a legitimidade da discussão sobre a extinção do próprio Senado, que ao longo de nossa história demonstrou ser uma casa conservadora, que distorce a vontade popular e que não tem sido eficaz na defesa da federação brasileira.

5. O PT atua nas difíceis condições da política brasileira, nos marcos de uma coligação de governo que inclui partidos de esquerda, centro e direita. Isto nos impõe cotidianamente escolhas difíceis, que buscamos enfrentar priorizando nossa relação com os partidos de esquerda, reforçando nossos vínculos com os movimentos sociais, fortalecendo os mecanismos de participação popular e as instituições vinculadas ao combate à corrupção. Com o mesmo propósito, consideramos saudável e extremamente útil a vigilância redobrada mantida, pelos setores democráticos e progressistas, sobre cada uma das atitudes do próprio PT. Não subestimamos o efeito corrosivo que tem, sobre nós, a convivência com instituições de funcionamento tão questionável. Entretanto, entender e valorizar as críticas e a preocupação externadas por setores progressistas e democráticos, não implica em aceitar passivamente a hipocrisia e a demagogia presentes na crítica dos setores conservadores e direitistas.

6. Estes setores, com dificuldades para debater programas para o país, estão buscando de maneira oportunista colocar a "ética" no centro do debate político. Esta hipocrisia e demagogia ficaram evidentes na "denúncia" feita por Lina Vieira, ex-superintendente da Receita Federal, contra a ministra Dilma Roussef. Para a grande imprensa, quando se trata de atacar o PT e Dilma, é ao acusado cabe o ônus de provar sua inocência, não estando em jogo a verdade, nem a apuração de qualquer tipo de dano ao interesse público. Enquanto isto, a mídia conservadora trata de maneira complacente a instalação da CPI no Rio Grande do Sul, que põe a nu o esquema de corrupção dos tucanos, com repercussões que nem mesmo o afastamento da cúpula do PSDB da governadora Ieda Crusius é capaz de evitar.

7. O lançamento do marco regulatório do pré-sal repõe o debate essencial: as opções estratégicas colocadas para o Brasil e o papel do Estado. Decorridos quase sete anos de governo Lula, depois dos doze anos de neoliberalismo, o confronto entre projetos tem contornos compreensíveis para largas parcelas do povo brasileiro.

8. A própria descoberta das reservas do pré-sal, e muitas outras de petróleo e gás de menor profundidade, só foi possível a partir da retomada dos investimentos e do apoio decidido do governo Lula à estatal. Hoje, com essa nova riqueza mapeada, o Brasil tem o direito e o dever de decidir como empregará esses recursos naturais para um salto planejado rumo ao futuro, optando por políticas públicas e sociais compatíveis com a sociedade que queremos construir.

9. É pedagógica, neste sentido, a reação dos setores conservadores ao discurso feito pelo presidente Lula no ato de lançamento do marco regulatório. Alguns editoriais, comentários e análises trazem de volta o discurso neoliberal que levou o mundo à crise financeira e econômica. É papel do PT tratar a questão não apenas como a tramitação legislativa de um projeto técnico, mas como um vetor simbólico do embate entre o projeto democrático popular, nacionalista e internacionalista, de inclusão e participação popular, contra o projeto do Consenso de Washington, que vigorou no Brasil até 2002.

10. A diferença entre projetos fica clara, também, no debate sobre a saúde pública. O PT denuncia a operação de desmonte do Sistema Único de Saúde, que está sendo levada a cabo no estado de São Paulo pelo governo Serra. Sua mais recente iniciativa está prestes a ser aprovada na Assembléia Legislativa daquele estado: trata-se da entrega a "organizações sociais" de todos os hospitais ainda operados pelo Estado, com a contratação, por tempo determinado de mais de 50 mil funcionários, que tendem a somar-se aos 200 mil terceirizados já existentes em São Paulo. Para completar este processo de precarização e terceirização do sistema público, uma emenda encomendada pela Secretaria de Saúde prevê a "venda" de 25% do atendimento aos planos de saúde privados.

11. Frente a isto, a direção do PT considera absolutamente prioritário agilizar a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, visando disciplinar os valores mínimos a serem aplicados anualmente por Estado, Distrito Federal, Municípios e União em ações e serviços públicos de saúde, bem como estabelecer as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas três esferas de governo.

12. Tendo em mente este conjunto de preocupações, a Comissão Executiva Nacional do PT apresentará, ao Diretório Nacional, as seguintes propostas:

a) reafirmar a reforma política como uma das prioridades do PT no debate com a sociedade

b) mobilizar o PT para uma ampla participação na I Conferência Nacional de Comunicação;

c) constituir imediatamente o Grupo de Trabalho Eleitoral 2010;

d) constituir imediatamente a Comissão de Organização do Debate do Programa de Governo 2011-2014;

e) aprovar a metodologia de escolha de nossa candidatura à presidência da República;

f) recomendar para todas as chapas e candidaturas ao PED 2009, que incluam em suas campanhas atividades públicas de debate da conjuntura e do programa que apresentaremos em 2010;

g) estabelecer, através do II Colóquio PT x Movimentos Sociais, a realizar nos dias 24 e 25 de outubro, uma articulação permanente com os movimentos sociais em torno de uma agenda comum para o enfrentamento da presente conjuntura;

13. A CEN do Partido acompanhará diretamente o debate sobre o marco regulatório do Pré-Sal no Congresso, ajudando a orientar nossa bancada e buscando um diálogo com as contribuições do PL do Petróleo apoiado pela FUP, CUT e Movimentos Sociais. A direção nacional convida todo o Partido dos Trabalhadores a conhecer, debater e divulgar o projeto do Pré-Sal apresentado pelo governo brasileiro, articulando um campanha de envergadura em torno da bandeira "O Petróleo tem que ser nosso". Por trás dos ataques da mídia conservadora e da oposição de direita, está a disputa pelas riquezas nacionais. Para eles, são trilhões de dólares que estão em jogo. Para nós, é o futuro do povo brasileiro.

Brasília, 3 de setembro de 2009

Comissão Executiva Nacional do PT

Resultado Julgamento de Recurso -Espiríto Santo

Notícia da semana

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Confirma-se: SouthCom organizou o derrubamento do presidente hondurenho Zelaya

Na edição datada de 29 de Junho de 2009, Thierry Meyssan indicava que o SouthCom (Comando do Sul dos Estados Unidos) tinha organizado o derrubamento do presidente hondurenho Manuel Zelaya. [1] A edição francesa do artigo indicava na legenda de uma foto (que infelizmente não apareceu em algumas versões estrangeiras) que a base aérea americana de Soto Cano é dirigida pelo coronel Richard A. Juergens. Este teria, em 2004, supervisionado o derrubamento do presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide num cenário idêntico.

Essas informações, bastante difundidas na imprensa internacional, foram desmentidas pelo Departamento de Estado que negou qualquer envolvimento dos Estados Unidos no golpe de estado militar. Ora, o plano de voo do avião que serviu para a expulsão do presidente Zelaya foi tornado público no dia 14 de Agosto de 2009 pelo presidente da Nicarágua Daniel Ortega. Este mostra que o avião descolou da base de Soto Cano (antigamente conhecido como Palmerola Air Base).

Os operários argentinos da Zanón expulsam definitivamente o patrão

"Depois de 9 anos de combate, os empregados da fábrica "recuperada" Zanón, na Argentina, conseguiram o reconhecimento legal da gestão trabalhista de sua fábrica. Uma vitoria exemplar em plena crise mundial".

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Se havia convertido em um dos símbolos da resistência à fatalidade capitalista. Na Argentina, os operários da fábrica de cerâmica Zanón, rebatizada FaSinPat por "fábrica sem patrão", acabam de ganhar uma batalha exemplar : a assembléia provincial de Neuquen, na Patagônia, ordenou a expropriação de seu antigo patrão e declarou a fábrica "sob controle trabalhista", o que pediam os operários há anos. O "sonho juvenil", como explicava Luis Díaz, um dos trabalhadores da fábrica, em junho, no perfil que lhe dedicou nossa revista ("HD nº 164, de 4 de junho de 2009), se converteu em realidade. Luis forma parte da aventura desde o principio, em 2001: enquanto no país, em bancarrota, se demite por todos os lados, a solidariedade se organiza ao redor dos operários da fábrica Zanón, que havia fechado suas portas apesar das importantes ajudas do governo argentino. Movimentos de desempregados, de sindicatos da região acodem em seu apoio.

Depois de seis meses de mobilização, os empregados decidem tomar o controle de "sua fábrica", que tornam a por em funcionamento. No país, centenas de fábricas são "recuperadas" da mesma maneira. Zanón se mantem. Em oito anos, mais de 200 postos de trabalho se criaram, mas a fábrica deve enfrentar regularmente as tentativas de expulsão como a de abril de 2003. Mais de 3000 pessoas, vindas em solidariedade - dos sindicatos, movimentos sociais, universidades da região e de outros lugares- impediram o acesso à fábrica.

Hoje, "a utopia se convertido em realidade graças a nove anos de luta", explica Pablo, um dos operários da fábrica, ainda que sabendo que outros combates estão à vista. A decisão não resolve tudo. As modalidades de sua aplicação serão igualmente cruciais porque os que se opõem à expropriação não deixarão de utilizá-las para minimizar o alcance do "controle trabalhista".

Lula lembra dos tempos do pensamento subalterno, da Petrobrax

Se os tucanos tivessem ganhado em 2002, hoje provavelmente a festa do pré-sal seria no Texas, ou em Cingapura - na sede da empresa que teria assumido o controle da Petrobrax. Os tempos do "pensamento subalterno", os tempos de tirar os sapatos para os Estados Unidos, esses ficaram pra trás. "Altas personalidades naqueles anos chegaram a dizer que a Petrobras era um dinossauro - mais precisamente, o último dinossauro a ser desmantelado no país. E, se não fosse a forte reação da sociedade, teriam até trocado o nome da empresa", disse o presidente Lula no lançamento do pré-sal. O artigo é de Rodrigo Vianna.

Artigo publicado originalmente no blog O Escrevinhador, de Rodrigo Vianna:

Lula mostrou estatura de estadista no discurso de segunda-feira, no lançamento do pré-sal. Mostrou à nação o que está em jogo hoje no Brasil.

Lula colou na testa dos tucanos o rótulo de "adoradores do mercado". Lembrou que eles queriam "desmontar a Petrobrás".

Lula mostrou que não é preciso chamar a neo-UDN de "entreguista", como se dizia nos anos 50/60.

Basta lembrar que a neo-UDN tucana chamava a Petrobrás de "dinossauro, que precisava ser desmantelado".

Foi o que Lula fez em seu discurso histórico. Um discurso que não foi de improviso, mas cuidadosamente escrito para se transformar em um documento histórico.

E ainda há quem defenda a tese esdrúxula de que "não há diferença entre Lula e FHC". Se os tucanos tivessem ganhado em 2002, hoje provavelmente a festa do pré-sal seria no Texas, ou em Cingapura - na sede da empresa que teria assumido o controle da Petrobrax.

Os tempos do "pensamento subalterno", os tempos de tirar os sapatos para os Estados Unidos, esses ficaram pra trás.

Vejam como Lula - no discurso histórico - se refere àqueles tempos que não voltam mais:

"Estamos vivendo hoje um cenário totalmente diferente daquele que existia em 1997, quando foi aprovada a Lei 9.478, que acabou com o monopólio da Petrobras na exploração do petróleo e instituiu o modelo de concessão.

Naquela época, o mundo vivia um contexto em que os adoradores do mercado estavam em alta e tudo que se referisse à presença do Estado na economia estava em baixa. Vocês devem se lembrar como esse estado de espírito afetou o setor do petróleo no Brasil. Altas personalidades naqueles anos chegaram a dizer que a Petrobras era um dinossauro - mais precisamente, o último dinossauro a ser desmantelado no país. E, se não fosse a forte reação da sociedade, teriam até trocado o nome da empresa. Em vez de Petrobras, com a marca do Brasil no nome, a companhia passaria a ser a Petrobrax - sabe-se lá o que esse xis queria dizer nos planos de alguns exterminadores do futuro.

Foram tempos de pensamento subalterno. O país tinha deixado de acreditar em si mesmo. Na economia, campeava o desalento. O Brasil não conseguia crescer, sofria com altas taxas de juros, de desemprego, e juros estratosféricos, apresentava dívida externa elevadíssima e praticamente não tinha reservas internacionais. Volta e meia quebrava, sendo obrigado a pedir ao FMI ajuda, que chegava sempre acompanhada de um monte de imposições.

Além disso, não produzíamos o petróleo necessário para nosso consumo. Ferida, desestimulada e desorientada, a Petrobras vivia um momento muito difícil."