Bolívia: médicos cubanos operam 400 mil, mas sofrem com discriminação

Carlos Hernandéz, coordenador da Brigada Médica Cubana no departamento de Chuquisaca, chamada "Missão Milagre", explica que os médicos cubanos atenderam mais de 400 mil pacientes com problemas na visão nos últimos três anos; entre eles mais de mil com catarata.

Em departamentos mais conservadores como o de Santa Cruz, Hernandéz conta que a brigada sofre restrições. "Não nos querem trabalhando, dizem que o Evo quer transformar a Bolívia numa Cuba ou numa Venezuela. Mas nossa função aqui é social, independente de qualquer forca política ou partido. A população é muito grata a nós, mas organizações mais de direita não nos querem aqui", revela Hernandéz.

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Na Plaza San Francisco, das principais da cidade, na barraca da Brigada Médica Cubana passam diariamente mais de 150 pessoas que marcam consultas. Os casos mais graves são operados, outros ganham óculos e medicamentos. "Tudo de graça", afirma Hernandéz. "Estamos aqui para prestar atenção médica a quem não pode pagar tudo aquilo que as clínicas privadas cobram", diz. Tudo é pago pelo governo cubano.

Além da clínica em Sucre, a Brigada atua em outros dois hospitais no departamento de Chuquisaca, em Tarabuco e Monte Agudo, onde existem especialistas de traumatologia, pediatria e cirurgiões. As Brigadas Médicas de Cuba estão espalhadas por 104 países do mundo. Somente em Chuquisaca são 130 médicos; em toda a Bolívia, mais de mil.

"Desde que seja gente, tratamos e operamos"

Desde 2006 na Bolívia, a Brigada Cubana é a mesma que operou em 2007 o suboficial Mario Terán, que a mando dos seus superiores assassinou Che Guevara em 1967, numa escola do povoado de La Higuera.

A notícia divulgada pelo diário oficial da ilha, o Granma, foi confirmada à Rede Brasil Atual por Carlos Rafael Fajardo, diretor do Centro Oftalmológico da Brigada Cubana em Sucre. "Mario Terán foi operado por médicos Cubanos da Brigada de Santa Cruz de La Sierra e depois de recuperar a visão escreveu com ajuda do filho uma carta ao governo cubano de agradecimento".

Mario Terán não teve de pagar nada pela operação, realizada num hospital doado pelo governo cubano e inaugurado pelo presidente Evo Morales. "Pode ser rico, pobre, delinquente ou assassino, desde que seja gente, nós tratamos e operamos", finaliza Fajardo.

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